Hoje, a geração Y já compõe relevante parcela do mercado de trabalho brasileiro, com aproximadamente 51 milhões de profissionais. Já a geração Z, por sua vez, corresponde às pessoas nascidas após a metade da década de 90, também extremamente presentes no ambiente corporativo.
Esses profissionais têm em comum diversas características, são, em maioria, criativos, ágeis, multitarefas, conectados e, nos casos da geração Z, globalizados e nativos digitais.
Pois bem. Qual a relação desses profissionais com o mercado jurídico?
Fazendo uma conta simples e trazendo para o universo jurídico, esses profissionais, hoje entre 25 e 35 anos, estão em um momento de suas carreiras onde são, ao menos, influenciadores da contratação ou não de um escritório de advocacia dado que ainda é crescente o número de decisores diretos da contratação de uma banca.
Por isso, é importante trazer este debate para o centro das discussões nos escritórios brasileiros, pois esses profissionais ocuparão cada vez mais posições de destaque, consequentemente sendo elementos vitais para a sobrevivência e crescimento dessas bancas.
Essas gerações não contratam nada, nem ninguém, sem buscar referências na internet. São pessoas que observam e exigem de seus fornecedores uma comunicação direta, limpa, clara e com conteúdo relevante. Além disso, também requisitam que o contratado seja transparente, pense no coletivo e tenha políticas e atuação relevante para a sociedade.
E vale frisar que as “placas”, tão importantes no meio jurídico, perderão cada vez mais espaço no momento da contratação de um serviço na área. Isso, inclusive, é bem fácil de perceber, basta olhar o crescente número de cisões, fusões e aparições de novos players no mercado nacional. Diversas bancas super tradicionais e de renome sumiram nos últimos anos visto que os sócios mais jovens estão indo para outros escritórios ou abrindo os seus próprios. Atualmente, por exemplo, há pelo menos umas 10 que estão nesse processo.
Em 2009, quando iniciei minha trajetória no universo jurídico, o número de escritórios de advocacia de elite era infinitamente menor. Hoje, é preciso estar antenado, afinal, todos os meses aparecem diversos escritórios novos, principalmente, relacionados às empresas que possuem tecnologia como modelo de negócio em seus respectivos setores, como: varejo, internet, tecnologia, farmacêutico, imobiliário, comércio, automotivo, cosméticos, têxtil, entre outros. Na atualidade, não existe mais nenhuma empresa que, de alguma forma, não tenha algum tipo de viés tecnológico.
Por isso, além de trazer a pergunta título deste artigo para análise, pontuo abaixo algumas dicas importantes para que você prospere junto a estes novos decisores do mercado:
- Tenha um posicionamento e uma estratégia clara para o seu escritório;
- Estude, mas não apenas Direito. Procure entender sobre contabilidade, economia, negócios, diversidade, inclusão e, principalmente, tecnologia;
- Conheça o máximo que puder sobre o setor e a atuação do seu cliente. Antigamente, quando uma empresa contratava algum escritório, a primeira reunião era apenas para explicar ao advogado qual era o negócio da empresa. A geração Y e, principalmente, a Z, acreditam que é obrigação do escritório conhecer sobre ela e o setor;
- Evite jargões jurídicos e comunicações rebuscadas;
- Se o seu escritório não provar seu valor diariamente, a sua placa e o seu nome não serão suficientes;
- Nunca se esqueça que vivemos em um mundo repleto de opções e de informação;
- Aprenda sobre informática (incrível ter que escrever isso em pleno 2022);
- Evite papel. Use a tecnologia para atender o cliente melhor;
- Facilite. Gere informação relevante;
- Estabeleça conexões e seja engajado;
- Reparta poder e distribua lucro;
- Desenhe políticas de diversidade, inclusão, RH, entre outras.
Por fim, lendo este meu artigo, você, profissional do meio jurídico, pode ter apenas duas reações: (i) entender ou (ii) não entender. Aliás, você está preparado(a) para atender empresas com líderes das gerações Y ou Z?
O mercado está mudando em uma velocidade absurda. O seu escritório precisa estar preparado para a consolidação dessas gerações no mercado de trabalho.