Hoje, neurocientistas como Maryanne Wolf já alertam que os hábitos digitais estão transformando radicalmente a forma como as pessoas processam a informação que leem e a prática de “passar os olhos” superficialmente em textos e postagens tem sido cada vez mais comum. Esse ato, por sua vez, é responsável por diminuir a capacidade de assimilar argumentos complexos, fazer análises críticas do conteúdo lido e até de criar empatia com opiniões diferentes.
E diante a tantas pesquisas, o que é sinalizado pela profissional americana fica ainda mais visível. De um lado, menos de 52% da população brasileira tem o hábito de leitura e o país perdeu 4,6 milhões de leitores em quatro anos (entre 2015 e 2019), o que se deve principalmente ao aumento do uso das redes sociais, segundo a 5ª e mais recente edição do estudo Retratos da leitura no Brasil. De outro, o Brasil é o terceiro país do mundo que mais faz uso das redes sociais e estima-se que os brasileiros passam em média 3h42min conectados por dia, de acordo estudo da Cupom Válido.
E o que isso tem a ver com a sua comunicação ou a comunicação do seu escritório?
Com a mudança do comportamento da população com acesso à internet, torna-se cada vez mais necessário saber adequar a comunicação, dentro e fora de um escritório de advocacia, dado que hoje os clientes de todas as áreas estão nas redes sociais e tomam decisões por elas. Abaixo, três aspectos foram pontuados a fim de ajudar players jurídicos de todos os portes e profissionais do setor a melhorarem nas redes.
- Linguagem x Canal
Ainda hoje, muitos profissionais, principalmente, advogados acreditam que utilizar uma linguagem rebuscada mostra sua expertise, seu elevado grau de estudo e aperfeiçoamento, mas deixam de lado o local que estão propagando uma mensagem e até os hábitos dos usuários que frequentam esse canal.
Atualmente, o público é bombardeado de conteúdo, há muitos escritórios de advocacia no mercado e pessoas da área tentando se destacar. Então, a pergunta é: Sua comunicação de fato comunica? Ela atrai quem deveria visto que as redes são utilizadas em momentos de lazer e são sinônimo de dinamismo?
Por mais que a linguagem rebuscada mostre um diferencial, nas redes sociais o seu uso deve ser questionado. Os usuários contemporâneos não perdem tempo se não compreendem uma palavra ou um argumento e não hesitam em sair de uma postagem por isso (“o mais do mesmo” também não os interessa).
Logo, o conteúdo que de fato comunica e prende a atenção é aquele que é de fácil compreensão. E quando falamos de fácil compreensão significa, muitas das vezes, renunciar ao ego por “falar bonito”.
“Ah, mas meu público-alvo entende o ‘juridiquês’”, é o que você pode estar pensando agora, porém aproveito para te questionar: Será que o seu público-alvo não vai se atrair mais com um texto simples, humanizado e com abordagem diferenciada?
- Tamanho x Formato
Outra questão que deve ser pontuada é o formato das postagens. Publicações com legendas muito grandes não atraem os atuais usuários das redes, que tanto estão acostumados com a leitura de “passar os olhos”, superficial e rápida. As pessoas procuram posts que falem por si só, sejam objetivos.
“E as informações maiores?” Elas também podem estar nas redes, mas precisam de um formato diferente: o carrossel. O famoso “arraste para o lado” consegue prender a atenção com facilidade e gera um bom engajamento, visto que os algoritmos levam em consideração o tempo gasto por cada pessoa em uma publicação para indicar a outros usuários e considerar o conteúdo relevante.
- Tempo x Valor
Você já se perguntou por que alguém vai olhar uma postagem sua ou do seu escritório? Hoje, as pessoas são atraídas pelo novo, pelo apelo humano e por tudo aquilo que têm valor para elas, ou seja, que vai ao encontro das suas dores e dúvidas.
Porém, ainda existem escritórios de advocacia e advogados que publicam informações e notícias antigas como se fossem novas. Essa postura além de não atrair as pessoas, muito menos despertar curiosidade, consegue afastá-las de um escritório e de um profissional. Compartilhar um conteúdo “velho” em uma rede que considera segundos pode abalar sua credibilidade e até sua postura de expert.
Caso queira abordar um assunto antigo, não escreva o que todo mundo já leu. Dedique-se a escrever algo novo, com opinião. Um bom artigo desperta o interesse, eleva sua credibilidade e gera mais engajamento, aliás aparecer é necessário para posicionar-se como especialista.
Ao final desses três aspectos abordados, se você ainda estiver com dúvidas de como comunicar, opte pelo simples. O simples engaja. Mostre seu lado humano.